Tuesday, February 5, 2008

EXERCÍCIO IV: visões instantâneas

Perante as mais recentes evoluções na Internet e nas tecnologias digitais, torna-se cada vez mais fácil ao consumidor comum aceder a qualquer tipo de informação em qualquer lugar do mundo, e também expressar e divulgar as suas próprias experiências pessoais e opiniões em relação a produtos, serviços, marcas, empresas, notícias, transformando o seu papel de utilizador em produtor de conteúdos.

A interactividade é agora o termo chave na maioria dos novos modelos de media. A internet trocou o modelo tradicional “one-to-many” da comunicação de massas, utilizado pela televisão, rádio e os media impressos, pelo novo modelo “many-to-many”, em que qualquer indivíduo com alguma tecnologia apropriada pode agora produzir o seu próprio conteúdo online, incluir imagens, textos e som.

Desta forma, os novos media, com a convergência das diferentes tecnologias digitais, transformaram os modelos de comunicação tradicionais e modificaram a maneira como comunicamos uns com os outros.

Nesta perspectiva, hoje em dia, uma empresa que pretenda vender com sucesso um produto, serviço ou qualquer outro tipo de conteúdo ao consumidor, não pode apenas comunicar, ela deve também aprender a interagir.

Assim, o desafio que agora se coloca aos agentes de comunicação é o de como desenvolver sistemas de comunicação e identidade institucional perante os mais recentes desenvolvimentos dos media, na sua maioria digitais, que impõem formas e estruturas bastante distintas de criação, comunicação e partilha.

É neste contexto que o quarto exercício surge. Tendo a Fundação de Serralves como objecto de estudo, pretende-se a criação de uma experiência real com um grupo alargado de participantes, de forma a colocar em prática a base dos novos modelos de comunicação – a interacção com o próprio público.

Trata-se de uma simulação de um evento ou acontecimento em que será solicitado aos elementos da turma de Mestrado em Design da Imagem da Universidade do Porto (edição de 2007/09), que expressem e registem, de uma forma natural e descomprometida, a sua opinião e/ou visão crítica em relação àquilo que representa a Fundação de Serralves para eles, em 3 a 5 filmes de curta duração (não mais do que 3 minutos cada).

As imagens deverão ser filmadas utilizando suportes digitais de baixo custo, como por exemplo os telemóveis, as câmaras fotográficas ou qualquer outra tecnologia semelhante.Os resultados desta experiência serão trabalhados tendo em vista a procura de novos modelos e ferramentas de comunicação a colocar à disposição das Instituições Culturais. Segundo as mais recentes previsões, estas novas ferramentas de comunicação deverão passar por uma maior interacção com os públicos.

Esta experiência poderá funcionar como “piloto” para, num futuro próximo, abrir a possibilidade à criação de um evento numa maior escala e com a participação de uma comunidade mais alargada, de forma a, se tudo correr bem, colocar em marcha um novo plano de reformulação das estratégias de comunicação desta instituição cultural em estudo.

Monday, February 4, 2008

O projecto de investigação

“Para fazer um filme, o realizador deve compor os fragmentos que foram filmados separadamente numa mais valorosa, integral e rítmica sequência, tal como uma criança constrói uma palavra ou frase completa, partindo de blocos separados e pontuais de letras.”
Lev Kuleshov in TAYLOR, Richard; CHRISTIE, Ian - The Film factory: Russian and Soviet cinema in documents 1896-1939, p.41

O projecto de investigação em que se inscreve este exercício tem vindo a debruçar-se sobre o tema da montagem no contexto cinematográfico e audiovisual e sobre o seu poder na criação de novas realidades.

O objectivo deste projecto de investigação consiste em examinar como a edição de imagens e som nos meios audiovisuais, pode dar, retirar ou alterar o sentido a essas mesmas imagens.

Numa primeira fase foi realizada uma breve análise sobre alguns trabalhos e experiências já realizadas nesta área, constituindo assim num estudo sobre o “estado da arte” nesta matéria.

Nesse estudo incluiu-se desde algumas das primeiras experiências de montagem em cinema, realizadas por realizadores russos no início do século XX, como por exemplo, Lev Kuleshov e Sergei Eisenstein, até alguns trabalhos de artistas contemporâneos como, Douglas Gordon, Pierre Huyghe, Matthias Müller, Christoph Girardet e Martin Arnold, que se apropriam de material cinematográfico com uma realidade e um imaginário próprio, manipulando-o de seguida.

Numa segunda fase tornou-se necessário encontrar um contexto real que, de alguma forma, simulasse os conceitos e linguagens estudadas, através da realização de alguns exercícios práticos.

No processo de selecção dessa realidade contextual, entraram alguns factores importantes como a necessidade da existência de um público ou audiência com alguma escala e o compromisso com a prática artística, de forma a “colocar à prova” os exercícios que se iriam realizar. Assim sendo, foi escolhida a Fundação de Serralves, pelo reconhecimento que esta instituição cultural tem e pela sua presente necessidade de se reinventar na sua própria identidade, recorrendo a uma maior participação do seu próprio público.

Foram então desenvolvidos 3 exercícios com o intuito de explorar os universos mediáticos que estão ao dispor desta instituição, desde os tradicionais e analógicos, como a televisão e o vídeo, até aos novos meios digitais, que englobam a internet e todas as tecnologias de convergência e interacção.

Sunday, February 3, 2008

Exercícios I, II e III

Num primeiro exercício, foi utilizada uma recolha exaustiva da presença da Fundação de Serralves na Imprensa televisiva como fonte de informação visual. Foram compilados e montados todos os instantes em que a palavra “Serralves” foi pronunciada pelos pivots de informação ou jornalistas de reportagem no período temporal compreendido entre Agosto de 2004 e Março de 2006. O resultado é uma montagem rápida dos vários planos seguindo uma ordem que respeita aspectos de composição e enquadramento das imagens, como também aspectos cromáticos e/ou formais.

Com este exercício é possível apercebermo-nos da forte presença que a instituição tem na imprensa televisiva, e da importância e valor que a sonoridade e a fonética têm no processo de identidade de qualquer marca.



Exercício I

O segundo exercício partiu do desafio que foi colocado pela própria instituição, de realizar um vídeo institucional utilizando o espólio audiovisual da Fundação. O objectivo foi representar a diversidade que existe nos inúmeros serviços culturais que esta instituição oferece ao seu público – exposições de arte contemporânea, música, cinema, dança, performance, acções didácticas e educativas, e os próprios espaços arquitectónicos e naturais.

Com este exercício pretendeu-se ilustrar, de uma forma fragmentada, a sobreposição de uma multiplicidade de acontecimentos de diferentes universos artísticos, resultando numa sequência de imagens desprovidas do seu contexto de origem e, portanto perdidas no espaço e no tempo.



Exercício II

O terceiro exercício surgiu da vontade de descobrir qual a “visão dos visitantes” de Serralves, mostrando as imagens captadas através dos olhos das pessoas que visitam os espaços da instituição.

Foi então desenvolvida uma primeira experiência, circunscrita a um grupo reduzido de pessoas, de forma a possibilitar uma previsão dos resultados que poderiam ser obtidos. Seleccionaram-se 4 pessoas que correspondessem a perfis completamente distintos – um arquitecto com 65 anos de idade, uma profissional dos correios com 31 anos de idade, uma pessoa ligada ao mundo da música, com 28 anos de idade e uma criança com 9 anos de idade.

Na edição das imagens, o ecrã foi dividido em 4 partes iguais, de forma a permitir ao espectador estar sempre a par das diferenças existentes entre as 4 visões dos visitantes, e reforçar a ideia inicial de diferentes pontos de vista e sensibilidades.



Exercício III

Depois de realizada esta primeira experiência, verificou-se a necessidade de ir um pouco mais longe. Notou-se a ausência de alguns factores humanos, como a naturalidade, a espontaneidade, o acaso, o erro e um maior descomprometimento perante o objecto filmado, que poderiam até permitir uma visão mais crítica. Os 4 participantes nesta experiência acabaram por registar as suas imagens como achavam que deveriam ser registadas, resultando em imagens com um elevado valor estético, mas, ainda assim, muito comuns às que conhecemos destes espaços.