Monday, February 4, 2008

O projecto de investigação

“Para fazer um filme, o realizador deve compor os fragmentos que foram filmados separadamente numa mais valorosa, integral e rítmica sequência, tal como uma criança constrói uma palavra ou frase completa, partindo de blocos separados e pontuais de letras.”
Lev Kuleshov in TAYLOR, Richard; CHRISTIE, Ian - The Film factory: Russian and Soviet cinema in documents 1896-1939, p.41

O projecto de investigação em que se inscreve este exercício tem vindo a debruçar-se sobre o tema da montagem no contexto cinematográfico e audiovisual e sobre o seu poder na criação de novas realidades.

O objectivo deste projecto de investigação consiste em examinar como a edição de imagens e som nos meios audiovisuais, pode dar, retirar ou alterar o sentido a essas mesmas imagens.

Numa primeira fase foi realizada uma breve análise sobre alguns trabalhos e experiências já realizadas nesta área, constituindo assim num estudo sobre o “estado da arte” nesta matéria.

Nesse estudo incluiu-se desde algumas das primeiras experiências de montagem em cinema, realizadas por realizadores russos no início do século XX, como por exemplo, Lev Kuleshov e Sergei Eisenstein, até alguns trabalhos de artistas contemporâneos como, Douglas Gordon, Pierre Huyghe, Matthias Müller, Christoph Girardet e Martin Arnold, que se apropriam de material cinematográfico com uma realidade e um imaginário próprio, manipulando-o de seguida.

Numa segunda fase tornou-se necessário encontrar um contexto real que, de alguma forma, simulasse os conceitos e linguagens estudadas, através da realização de alguns exercícios práticos.

No processo de selecção dessa realidade contextual, entraram alguns factores importantes como a necessidade da existência de um público ou audiência com alguma escala e o compromisso com a prática artística, de forma a “colocar à prova” os exercícios que se iriam realizar. Assim sendo, foi escolhida a Fundação de Serralves, pelo reconhecimento que esta instituição cultural tem e pela sua presente necessidade de se reinventar na sua própria identidade, recorrendo a uma maior participação do seu próprio público.

Foram então desenvolvidos 3 exercícios com o intuito de explorar os universos mediáticos que estão ao dispor desta instituição, desde os tradicionais e analógicos, como a televisão e o vídeo, até aos novos meios digitais, que englobam a internet e todas as tecnologias de convergência e interacção.

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